"Vou à Bahia porque, se alguém fez o impossível para eu sair do país, foi Dado Galvão. Desde que filmou uma entrevista comigo em Havana, ele tem sido incansável. Mesmo quando me faltava esperança, ele a mantinha" YOANI SÁNCHEZ - FOLHA DE SÃO PAULO

Para Amorim, frase de Lula sobre preso cubano é 'autocrítica'

Presos pediram que presidente Lula intercedesse com governo cubano. Lula criticou a greve de fome e comparou presos políticos a presos comuns.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu nesta quarta-feira (10) as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticando a greve de fome de presos políticos cubanos e os comparando a "bandidos presos em São Paulo".

Amorim disse que entendia a declaração de Lula sobre a greve de fome como uma "autocrítica", já que o próprio presidente já adotou a prática no passado.

Em entrevista à agência de notícias Associated Press nesta terça-feira (9), Lula questionou o método usado por presos políticos cubanos que deixam de comer para pressionar pela liberdade. "Acredito que a greve de fome não pode ser usada como um pretexto de direitos humanos para libertar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem a liberdade", disse. O presidente classificou a greve de fome como "uma insanidade".

Sobre os pedidos feitos pelo menos duas vezes no último mês para que Lula intercedesse em favor dos dissidentes e ajudasse a acabar com a greve de fome de prisioneiros, Amorim disse que "tem muita gente que quer o apoio do governo brasileiro."

"Uma coisa é você defender a democracia, os direitos humanos, o direito de falar. Outra coisa é você sair dando apoio a tudo o que é dissidente de todo o mundo. Isso não é papel," explicou o ministro.

A declaração de Lula à AP foi criticada pela OAB nesta quarta, que afirmou que "é despropositada, pois tenta banalizar um recurso extremo que é, ao mesmo tempo, um símbolo de resistência a um regime autoritário que não admite contestações", disse o presidente da entidade, Ophir Cavalcante. Sobre o regime cubano, Amorim declarou: "se alguém está interessado em fazer uma evolução política em Cuba, eu tenho uma receita muito rápida: acabem o embargo."

Dissidentes

A última visita de Lula a Cuba, no mês passado, começou um dia depois da morte do dissidente Orlando Zapata Tamayo, que estava em greve de fome. Houve um pedido para que Lula intercedesse em favor dos dissidentes e de Tamoyo. O presidente afirma que nunca recebeu esse pedido, e não tocou no assunto enquanto estava em Cuba, atitude muito criticada.

Houve um segundo pedido de ajuda, feito nesta terça, para que ele interceda em favor dos dissidentes e ajude a acabar com a greve de fome de outro cubano, Gilhermo Farinas. Farinas está em greve de fome desde 24 de fevereiro, na cidade de Santa Clara.

(Colaborou Claudia Bomtempo, da TV Globo) Fonte: G1