"Vou à Bahia porque, se alguém fez o impossível para eu sair do país, foi Dado Galvão. Desde que filmou uma entrevista comigo em Havana, ele tem sido incansável. Mesmo quando me faltava esperança, ele a mantinha" YOANI SÁNCHEZ - FOLHA DE SÃO PAULO

EUA e Cuba discutem retomar relações diplomáticas após 53 anos.


O presidente dos EUA, Barack Obama, e o ditador de Cuba, Raúl Castro, farão anúncios simultâneos nesta tarde; segundo autoridades, países devem debater a reaproximação

WASHINGTON — Preso há cinco anos em Cuba, o empreiteiro americano Alan Gross foi solto nesta quarta-feira em Havana, numa medida vista como o primeiro passo para a retomada das relações entre os Estados Unidos e o governo cubano. Aos 65 anos, ele foi libertado em uma troca de prisioneiros e já está a caminho de volta ao país. Os presidentes Barack Obama e Raúl Castro se pronunciarão ao mesmo tempo, às 15h de Brasília, sobre o acordo e novas políticas, que devem incluir a reabertura de embaixadas. Trata-se da mudança mais significativa em mais de meio século. 
O acordo foi negociado secretamente durante 18 meses, e grande parte das reuniões ocorreu no Canadá. As negociações foram encorajadas pelo Papa Francisco, informou o "New York Times". Por telefone, Raúl e Obama concordaram em pôr de lado décadas de hostilidade e iniciarem uma nova etapa na relação entre os dois países. 

Por conta da libertação de Gross e da queda nesta quarta-feira do diretor da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), Rajiv Shah, especula-se que o anúncio inclua um amplo pacote de medidas destinadas ao degelo nas relações incluindo a normalização das relações diplomáticas. Se não chega a derrubar totalmente o embargo, 

— Hoje marca o início de um novo e importante capítulo nas relações EUA-Cuba — disse Julia Sweig, diretora de estudos latino-americanos do Conselho de Relações Exteriores. — Finalmente temos um presidente americano disposto a fazer a coisa certa para o interesse nacional, para a posição americana na América Latina e para o povo cubano. 

Preso em 2009 por levar satélites e equipamentos eletrônicos de maneira irregular para grupos judaicos acessarem a internet em Cuba, Gross foi condenado em 2011 a 15 anos de prisão. A alegação foi de espionagem e crimes contra o governo cubano. Funcionário da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), ele era visto como um espião, apesar de não haver dolo aparente. 

EUA e Cuba vinham conversando em sigilo há um ano sobre um possível acordo para libertar Gross. Em troca dele, o governo americano liberou três prisioneiros cubanos que estavam na Carolina do Norte. Eles foram acusados de espionagem contra grupos anticastristas que atuavam em Miami. 

Em mau estado de saúde, Gross ameaçou fazer greve de fome. Segundo seu advogado, ele estava internado em um hospital militar. Gross teria perdido vários de seus dentes e mal conseguiria caminhar por causa de uma artrite. Ele também rejeitou apoio médico ou privilégios pelo setor diplomático americano. 

DIRETOR DA USAID CAIU NESTA QUARTA-FEIRA 

O diretor da Usaid, Rajiv Shah, divulgou também nesta quarta-feira um comunicado em que afirma que deixará o cargo em fevereiro. Desde 2010 à frente da organização, ele vinha sendo alvo de críticas por conta de práticas de risco em países hostis aos EUA, em especial Cuba. 

Uma das principais agências do governo americano, a Usaid tem como metas trabalhar contra a pobreza e promover a democracia em outros países. No entanto, foi alvo de muitas críticas após revelações de criação e fomento a programas secretos considerados de risco em paises que não requerem a ajuda da agência. 

Entre os principais entreveros da Usaid recentemente, estiveram o "Twitter" cubano ZunZuneo e uma rede de hip-hop com artistas canções contra o governo castrista. O comando local criticou severamente as medidas, após sua revelação pela agência Associated Press.

Fonte: O Globo
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