"Vou à Bahia porque, se alguém fez o impossível para eu sair do país, foi Dado Galvão. Desde que filmou uma entrevista comigo em Havana, ele tem sido incansável. Mesmo quando me faltava esperança, ele a mantinha" YOANI SÁNCHEZ - FOLHA DE SÃO PAULO

11 de abril de 2015: Obama e Castro têm encontro histórico na Cúpula das Américas.

Obama e Castro apertam as mãos em encontro histórico na Cúpula das Américas 
Pablo Martinez Monsivais / AP

Reunião ocorreu em clima cordial entre os dois líderes e com promessas para o futuro de Cuba e EUA

CIDADE DO PANAMÁ — Os presidentes dos EUA, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, se reuniram há pouco em uma sala privada nos bastidores da VII Cúpula das Américas e voltaram a apertar as mãos. O momento foi um marco das relações interamericanas: trata-se do primeiro encontro entre líderes dos dois países desde antes da Revolução de janeiro de 1959, ou seja, há mais de 56 anos.

Os dois líderes falaram brevemente à imprensa, após o encontro a portas fechadas, acompanhados de seus principais assessores. Convergiram na avaliação de que há muito trabalho a fazer para o restabelecimento pleno das relações diplomáticas, mas asseguraram que as divergências que existem entre Washington e Havana não impedem que os dois países venham a concordar no futuro.

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Obama, porém, não anunciou a remoção de Cuba da lista de Estados que apoiam o terrorismo. Esta é a principal demanda cubana nas negociações da retomada das relações diplomáticas, porque será essencial à reintegração financeira e comercial global da ilha. A revisão já foi encerrada pelo Departamento de Estado americano, mas a recomendação final a Obama ainda depende de sinal verde de outras agências federais. A expectativa era que o anúncio seria feito na Cúpula.

— Este é evidentemente um encontro histórico. Era hora de tentarmos uma coisa nova — afirmou Obama. — Ao longo do tempo, é possível virar a página e desenvolver um novo relacionamento entre nossos dois países (...) Estamos na posição de caminhar em direção ao futuro.

O presidente americano reconheceu que há profundas e significativas diferenças entre EUA e Cuba. Por exemplo, os americanos continuarão se pronunciando sobre questões de direitos humanos e os cubanos manifestarão preocupação com políticas dos EUA. Raúl Castro sorriu, consentindo.

— Podemos discordar com o espirito de respeito — afirmou Obama.

Raúl falou em seguida, em espanhol, e disse que concordava com o que Obama havia falado.

— Estamos dispostos a conversar sobre tudo, mas precisamos ser pacientes, muito pacientes — afirmou o cubano. — É possível que a gente discorde em algo hoje sobre o qual concordaremos amanhã.

Raúl repetiu Obama, afirmando que Cuba e EUA podem ter diferenças, mas "com respeito às ideias dos outros". O cubano brincou, dirigindo-se aos demais integrantes das duas delegações, que "era melhor que ouvissem seus líderes". Obama riu.


O GLOBO. POR CATARINA ALENCASTRO / FLÁVIA BARBOSA /